quinta-feira, 27 de outubro de 2022

"SEMANA DO CONTESTADO"

 A Semana do Contestado em Três Barras - SC foi muito bem comemorada, com atividades excelentes junto ao Museu Municipal. Arte, cultura e história entrelaçadas para contar às gerações de hoje, um pouco daquilo que foi o conflito do Contestado.

       Desde a abertura na tarde de 24 de outubro, a qual contou com a presença de mestres ilustres, profundos conhecedores da história do Contestado, que através de uma mesa redonda, passaram ao público presente um riquíssimo conhecimento a respeito da Região Contestada entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, nos idos de 1912 a 1916.

A participação das escolas tresbarrenses foi sem dúvida, exemplar. Tudo muito caprichado, bem ensaiado, com muita riqueza de detalhes. Enfim, a organização do evento em geral foi muito boa.

Também entre os standers de exposições notei a participação do CIMH expondo parte da história da Companhia Lumber e do cinema que existia naquela área. São atividades caprichadas como essas, que enriquecem a nossa cultura.

Momentos das apresentações culturais.


Atividades teatrais relembrando o conflito do Contestado.

ABERTURA COM AS BANDEIRAS




Dia 24 - Abertura do Evento do Contestado.



No domingo, dia 23 aconteceu na Av. Santa Catarina a 1ª Vila Criativa.





Conto aqui que tanto eu, quanto minha prima Edite (Secretária Municipal da Educação) temos uma certa ligação com o espaço do Museu Municipal (antiga Estação Ferroviária) visto que nossos pais eram irmãos e ambos trabalharam durante muitos anos na Estação, que foi casa de morada do tio Ione e depois do meu pai, Jorge.
       Também lembro  que durante a "mesa redonda" (composta por vários escritores e autoridades no assunto) foi citada a revista "Os Pioneiros", publicada entre os anos de 1985 - 1986, de autoria da senhora Aglaé Pacheco Bueno. Muito gratificante essa citação.






sexta-feira, 19 de agosto de 2022

"Nos caminhos de São João Maria"

     Lapa (PR), cidade histórica e mística, berço de batalha e de muitas lendas sobre os monges que lá viveram. Conta-se que na cidade da Lapa passaram três homens que se diziam monges, cada um ao seu modo, pregando a doutrina cristã.

            O primeiro homem santo, como eram chamados pelo povo simples, surgiu na Lapa em 1847. Definido como um eremita, o monge benzia, realizava curas com ervas medicinais, batizava e previa o futuro. Sua fama se espalho por toda a região e logo o povo o batizou de monge milagreiro, mais conhecido como são João Maria.

            Mais tarde, outros dois monges vieram e desde então, tornaram-se conhecidos por quase toda a Região Sul do Brasil. José Maria, o terceiro monge se fez presente durante o conflito do Contestado (1912-1916).



Desde o ano de 2007, o ator tresbarrense (Agostinho Kryszyszyn) passou a intrepretar São João Maria em encenações teatrais a convite das Universidades, da Prefeitura Municipal e das demais escolas locais. Formado em Artes, através da UNC- Canoinhas, Agostinho, além de excelente desenhista, é também um grande ator. Sabe interpretar, tem boa voz e consegue prender a atenção do público.

A antiga Estação Ferroviária (atual Museu Municipal) tem sido palco das apresentações do monge João Maria na cidade de Três Barras - SC. Nessa plataforma, ele já se apresentou por várias vezes, sendo muito aplaudido pelo público.



Na capela do IBAMA, após uma apresentação teatral em plena floresta.


Num camarim de um teatro, enquanto se preparava para interpretar o monge.


                                             Esta encenação foi realizada pela professora Luciane Schutt, e os alunos       do curso de magistério através da  EEB "Colombo Machado Salles".
      
Agostinho, é uma pessoa de muito talento e que merece ser  valorizado.
             Nesta foto: Agostinho em Florianópolis.


         No ano de 2010 durante a semana nacional do museu, juntamente com os alunos da EEB "General Osório", sua interpretação do monge emocionou muitas pessoas.

FOTO: Helen, José, Agostinho e Aline.


FOTO: Alunos da EEB General Osório juntamente com Agostinho.

FOTO: Maria-fumaça chegando ao final da apresentação.


"Jorge de Souza, o nosso escritor!"

 Jorge de Souza, nasceu no dia 19 de abril de 1929 em Três Barras - SC. Era filho do comerciante e padeiro Cyríaco Felício de Souza (natural de Itajaí - SC) e de dona Elza Borchart (natural de Magdeburgo - Alemanha).

      Ainda muito jovem, na metade da década de quarenta foi fazer um teste na Estação Ferroviária, para trabalhar com o telégrafo. Conseguiu o emprego e foi mandado para trabalhar na Estação de Rio Natal, próximo das cidades de São Bento e Rio Negrinho, na serra.

                   Assim teve início a carreira desse jovem tresbarrense, que mais tarde se envolveria na política local, elegendo-se vereador por várias vezes. 

Transcorria o ano de 1951, quando Jorge casou com a jovem Charlotte Ossaif (filha do comerciante Natal e de dona Maria Ossaif). Dessa união tiveram sete filhos, sendo quatro rapazes e três moças.


Na década de sessenta encontrou então uma nova companheira chamada Edite Moretti, com quem teve mais dois filhos: uma moça e um rapaz. Passando então a fixar residência em Canoinhas.

         No ano de 1973, seu irmão Juca (José Felício de Souza) foi eleito prefeito de Três Barras e convidou Jorge para trabalhar com ele no setor administrativo da prefeitura municipal. Ficou nessa função até o final de 1976. Depois retornou ao emprego de Agente de Estação e a partir de 1979 passou a residir na casa da Estação Ferroviária, onde ficou até a sua aposentadoria em 1982.

            Pensando no futuro dos filhos, em 1984 resolveu mudar para Curitiba e lá ficou até outubro de 1988. De lá, mudou para Balneário Camboriú, onde residiu durante trinta e quatro anos.

       Era o ano 2000, início de um novo século e Jorge de Souza sentiu-se motivado a escrever suas memórias. Porém, as memórias se transformaram na história da origem de Três Barras, com a Empresa Lumber e os primeiros moradores que nela se estabeleceram.

          Os filhos costumavam visitá-lo nas férias de verão, ocasião em que Jorge aproveitava para ler e mostrar a eles os seus manuscritos, na esperança de publicar seus textos em forma de livro. Conversavam muito, mas no final, tudo voltava para a gaveta.

Seu filho José, um pouco conhecedor da arte literária, foi quem decidiu levar as ideias do pai adiante. Começou a procurar por Leis de Incentivo à Cultura, conversou com políticos do Estado de Santa Catarina, tentou diversos caminhos, sem nada conseguir.

Publicar um livro era caro. E ainda é. As Editoras têm suas normas, nunca querem publicar menos de 500 livros e o ideal para a mesma, é uma edição de 1000 livros.

Mas, no desejo de proporcionar um momento alegre para seu pai, José bancou sozinho a primeira edição do livro "Casa Brasileira", que foi lançado em 19 de abril de 2007, com Sessão Solene na Câmara Municipal.


1ª edição - 2007

                Doutor Antônio Merhy Seleme recebendo o livro autografado por Jorge de Souza (2007).






    Na foto: logo à frente (Jucy Varella e sua filha Jeanine). Aos fundos (Neca e Amene, Giovane Guebert, Gebrael e Chimune, Irene Jenzura e Abigail Bishopp, etc.).


Era o dia 19 de abril de 2007, ocasião em que o autor completou 78 anos.

Autografando para Vera e Márcio Moskwyn.








2ª edição - 2013


O livro foi muito comentado e logo se esgotou. Havia público para mais uma edição  e novamente lá foi o José fazer mais uma surpresa. Revisou todo o texto, mudou a capa, encontrou um novo editor em Curitiba e em 2013 era lançada a segunda edição.



           Mas, Jorge de Souza lia muito e sabia muitas coisas sobre Três Barras. Queria escrever mais e continuou escrevendo. Em 2020, na ocasião do seu aniversário de 90 anos, estava pronto seu segundo livro: "Memórias de um ferroviário". Dessa vez, a edição foi custeada pelo próprio autor. Concedeu entrevistas para vários jornais locais, conversou com os alunos da escola "General Osório" e respondeu muitas cartas dos alunos do "Colombo Machado Salles". Enquanto viveu, contou e divulgou a história da sua cidade para todos aqueles que desejavam ouvir.

     No recente ano de 2021, sua saúde passou a demonstrar certa fragilidade, agravando-se mais no início do corrente ano de 2022. Ainda esteve em Três Barras por ocasião da Páscoa, reunindo-se com seus filhos, netos e bisnetos para comemorarem o seu aniversário de 93 anos que seria no dia 19 de abril.

       Retornou a Balneário Camboriú e naquela cidade veio a falecer no dia 08 de agosto de 2022. Deixou para o município de Três Barras, registrada um pouco da história com a qual conviveu: a empresa dos norte-americanos (Lumber), os primeiros moradores da vila, as famílias pioneiras da região e os imigrantes, cada qual com a sua tradição. Lembramos que há vários autores tresbarrenses com livros já publicados. Porém, nenhum é realmente sobre a história da cidade. Muito se falou sobre Lumber e Contestado...mas sobre Três Barras, até o momento, ele foi o único. Esperamos que no futuro, outros autores possam surgir e que também sintam a necessidade de preservar a memória tresbarrense.

No ano de 2018 o autor visitou a EEB "General Osório", onde em conversa com uma turma de alunos, contou como era a escola no seu tempo  de estudante e inclusive cantou para os mesmos o Hino Polonês.


                     José e seu pai Jorge diante da EEB "General Osório" - 2018.

Em Três Barras comemorando seu aniversário de 92 anos.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

 "A rua onde moro"

Hoje vou contar um pouco sobre a rua onde moro, aqui na cidade Três Barras, Estado de Santa Catarina. Antiga Rua Central, no início da década de noventa mudou o nome para Rua Pedro Merhy Seleme, em homenagem ao saudoso comerciante e prefeito que morou nessa rua.

Com o passar dos anos, muitas casas comerciais deixaram de existir, dando espaço a novas residências. Se conversarmos com pessoas mais antigas a respeito do que lembram dessa rua, com certeza muitos irão citar: Armazém do Abdo Ossaif, quitanda da dona Cecília, Loja de Pedro Merhy Seleme, Bodega do seu Natal, Padaria e Comércio de Cyríaco Felício de Souza, Igreja Matriz, Sapateiro Sava, Sociedade União Operária, Açougue de França Beckert, Açougue de Ricardo Bachmann, Casa de comércio Trela (mais tarde da dona Franha Jenzura), também tiveram na rua vários fotógrafos, sendo o Julinho (o que mais tempo ficou).




Nesta foto que retrata a passagem de um Desfile de 7 de setembro de 1962 (Grupo Escolar "General Osório"), a primeira casa do lado esquerdo foi demolida em 1970 e construída a casa onde resido. A segunda casa era o comércio e padaria do meu avô Cyríaco. Foi demolida em 1975 e meu tio Chico contruiu uma nova casa. A terceira casa era da senhora Zaíra Jenzura, a qual foi demolida no início dos anos oitenta. Hoje há uma nova casa no local que pertence a Raul Beckert Filho. Mais ao fundo está a casa da senhora Delfina (portuguesa) que foi demolida; e a Igreja Matriz "São João Batista".

   
Das casas de comércio, nada mais restou, a Sociedade União Operária foi extinta e prédio demolido. A maioria da rua é residencial. Temos apenas um escritório despachante e uma agência de serviços automotivos para veículos.

         A rua é importante para mim, pois nela sempre moraram meus avós paternos e maternos, tios e tias, primos etc.
              O senhor Pedro Merhy Seleme, cuja família sempre residiu nessa rua, foi comerciante e eleito prefeito por dois mandatos.

Pedro Merhy Seleme



Rua Pedro Merhy Seleme - 2022