Famosa poetisa paranaense, Helena Kolody nasceu em Cruz Machado (PR) no dia 12 de outubro de 1912.Era filha do agrimensor Miguel e de Vitória Kolody.
Quando tinha apenas um ano de idade, em 1914 mudou-se para Três Barras, que na época pertencia ao estado do Paraná.Sua família residiu numa casa que ficava ao lado da Sociedade União Operária, que existiu até há pouco, sendo agora propriedade da família Baranhuke.Conforme nos mostra o documentário "Helena de Curitiba" (disponível no canal Youtube) ela teria morado também na casa de frente à escola, onde depois foi cartório do senhor Guedes e bem mais tarde foi comprada pela família Fiolek.
Residiu em Três Barras até o ano de 1920, quando estava com oito anos de idade.Mudou-se com a família para Rio Negro - PR.
Entre os anos 80 e durante toda a década de 90, a poetisa se tornou muito popular na cidade de Curitiba, onde residia.Recebeu todas as honrarias e reconhecimento dos meios literários.Seu primeiro livro de poesias foi publicado em 1941: "Paisagem Interior".
Autora de vários livros, a famosa poetisa faleceu em 15 de janeiro de 2004, aos 91 anos de idade, em Curitiba.Para nós tresbarrenses é uma honra saber que uma poetisa tão ilustre, num passado bem distante, aqui residiu.Era justamente o período do conflito do Contestado que durou de 1912 a 1916 e dos trabalhos da Companhia Lumber.
Casa onde teria residido Helena Kolody em Três Barras - SC.
O poema em que a poetisa menciona sua vida em Três Barras, se chama "Infância" e foi escrito em 1951.
INFÂNCIA
Aquelas tardes de Três Barras,
Plenas de sol e de cigarras!
Quando eu ficava horas perdidas
Olhando a faina das formigas
Que iam e vinham pelos carreiros,
No áspero tronco dos pessegueiros.
A chuva-de-ouro
Era um tesouro,
Quando floria.
De áureas abelhas
Toda zumbia.
Alfombra flava
O chão cobria...
O cão travesso, de nome eslavo,
Era um amigo, quase um escravo.
Merenda agreste:
Leite crioulo,
Pão feito em casa,
Com mel dourado,
Cheirando a favo.
Ao lusco-fusco, quanta alegria!
A meninada toda acorria
Para cantar, no imenso terreiro:
“Mais bom dia, Vossa Senhoria”...
“Bom barqueiro! Bom barqueiro...”
Soava a canção pelo povoado inteiro
E a própria lua cirandava e ria.
Se a tarde de domingo era tranquila,
Saía-se a flanar, em pleno sol,
No campo, recendente a camomila.
Alegria de correr até cair,
Rolar na relva como potro novo
E quase sufocar, de tanto rir!
No riacho claro, às segundas-feiras,
Batiam roupas as lavadeiras.
Também a gente lavava trapos
Nas pedras lisas, nas corredeiras;
Catava limo, topava sapos
(Ai, ai, que susto! Virgem Maria!)
Do tempo, só se sabia
Que no ano sempre existia
O bom tempo das laranjas
E o doce tempo dos figos...
Longínqua infância... Três Barras
Plena de sol e cigarras!
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