quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O cinema em Três Barras.

"Era uma vez um cinema..."
Relembrando os bons tempos em que eu frequentei o Cine Militar, nos anos 60 e 70, montei um vídeo em homenagem aos artistas que nos proporcionaram muita alegria e diversão.Qual menino não saiu do cinema querendo ser Tarzan?Quem não se deliciou com as comédias de Chaplin e de o Gordo e o magro?Veja o vídeo no youtube: "A magia das matinês" e recorde comigo.
"O cinema em Três Barras"





Saída de uma sessão de matinê no domingo à tarde - anos 40.

Cinema da Lumber


O cinema dos anos 40.


   Os anos se passaram e muitos documentos e livros de registros da “Lumber” foram desaparecendo com o tempo.Sobre o cinema, sabemos apenas que logo no início das suas atividades, a “Lumber” possuía um cinema na Vila Argentina, que servia de entretenimento aos seus funcionários.






   Mais tarde, esse mesmo cinema teria sido mudado para a sede da empresa, atual CIMH.O projetor usado no cinema, era a base de “carvão” e produzia uma imagem excelente.Os tresbarrenses mais antigos nos contam que enquanto uma lâmpada produzia mil wates de potência, o carvão gerava três mil wates.
Em setembro de 1952, com a posse do Exército sobre a área da “Lumber”, o cinema se tornou conhecido como: “Cine Militar”.
O cinema fez parte da história de Três Barras e teve seus momentos de glória e magia através de várias gerações.Era o ponto máximo da cultura tresbarrense.Suas últimas sessões aconteceram no início de 1980.
Entre as pessoas que trabalharam no Cinema da Lumber (projecionista, bilheteiro, lanterninha, porteiro, etc.) são lembrados com saudades:
- Vitorino Ferreira, Feres Mansur, Mínero Bitencourt, Antônio Toporoski, Orlando Pecharca, Basílio Bídus, Jeremias Massaneiro, Friederich Brauhardt, Atanázio Braz e seus filhos Víctor João Braz, Déde e Nivaldo Braz, Sebastião Garcia e Antônio.

O descaso com a cultura tresbarrense, deixou em ruínas um espaço que até hoje poderia estar sendo útil para apresentações teatrais, palestras e demais atividades culturais.


É lamentável que as pessoas sejam tão egoístas e acomodadas, chegando ao ponto de deixarem que a nossa história seja esquecida ou levada para fora.
Um povo que não tem memória, jamais terá uma história para contar.
 Do início dos anos 90 até 2014 o cinema ficou assim, em ruínas.Acabou desabando durante um temporal.

 
O cinema se encontrava em lamentável estado de abandono.

 O cinema em atividade durante os anos 60.

O Exército mantinha tudo bem zelado.O espaço do cinema recebia pintura e manutenção todos os anos.


"Bailes e Formaturas"
                               

O espaço do cinema também foi muito utilizado para bailes e solenidades de formaturas da Escola "General Osório".Consta que a última dessas formaturas teria acontecido em dezembro de 1968.

Baile de formatura realizado no Cinema.



Formatura no Cinema (dezembro/1966).

Aluno Edson Corrêa acompanhado da professora Abigail.O senhor ao lado direito, é Hormindo de Lima (1º zelador da escola).



Alunos: Edson Corrêa e João de Lima.
Nivaldo Braz recebendo o diploma das mãos do seu pai Atanázio.


Dionete Dias recebendo seu diploma das mãos da diretora Guita Federmann , (dezembro de 1963).






Projetor de cinema.



 Na Vila Argentina, nos idos de 1915, já funcionavam dois cinemas:

O cinema brasileiro (Cine Variedades) e o cinema da Lumber (Cine Monroe).
Nas décadas de 30 e 40, outro cinema funcionou junto ao Clube Recreativo Tresbarrense (centro).
O cinema do qual os tresbarrenses mais sentem saudades, foi o cinema da Lumber,
(depois mantido pelo Exército, com sessões abertas ao público em geral).
No início de 1980, em todo o Brasil, muitos cinemas fecharam suas portas e com eles,
também o Cine Militar.
Os tresbarrenses que tinham como ponto de encontro e bate papo, o “Cinema da Lumber”, ainda nos contam que:



• O cinema era mudo e só mais tarde veio o som.

• Os filmes eram em partes.De 15 em 15 minutos havia um intervalo.Depois vieram os filmes colados.
• A tela era pequena e quadrada.Muito depois, é que passou a Cinemascope (tela grande e retangular).
• Se a cópia do filme fosse muito gasta, arrebentava a todo momento e o projecionista recebia uma grande vaia.
• A maioria dos filmes chegavam através do trem, em latões que pesavam de trinta a quarenta quilos.
• O projetor do cinema da Lumber era a base de carvão e não de lâmpada, como outros projetores.
• O cinema da Lumber possuía um total de 250 cadeiras.
• Durante vinte anos ou mais, o cinema utilizou uma música de Tchaikovski (Concerto nº1 para piano), como prefixo musical, que anunciava o início das sessões.
• Nas décadas de 50 e 60, o cinema da Lumber serviu de espaço para atividades teatrais e solenidades de formaturas do Grupo Escolar “General Osório”.
• A maioria das sessões aconteciam somente nos finais de semana: Sábado à noite, Domingo à tarde e à noite.
• Era tradição, em todo 12 de outubro as escolas ganharem uma sessão gratuíta de matinê, em homenagem ao dia das crianças.
• Por que os cinemas fecharam?
Porque os filmes novos passaram a ser liberados mais cedo para a televisão, o vídeo cassete nos oferece uma infinidade de opções, o vídeo game e o computador desviaram a atenção do público infanto-juvenil e a televisão por assinatura complementa a questão.



• Para entender melhor o que representava o cinema na comunidade tresbarrense, é interessante assistir ao filme “Cinema Paradiso”.

Esse filme é dedicado a todos aqueles que fizeram do cinema, a sua grande paixão.
Acredito que toda cidade do interior, tenha também uma história parecida com a nossa.
Enfim, onde existiu um cinema, sempre haverá uma história a ser contada.



• Hoje, reduzidos às capitais e às cidades com um considerável número de habitantes, os cinemas são freqüentados por aqueles que anseiam em assistir ao filme em lançamento.

Raramente, alguém vai ao cinema para ver uma reprise; como acontecia antes.



***Ainda sobre o cinema...



• Os cartazes que anunciavam as novas atrações do cinema, eram expostos diante do Hotel e Bar Tupã (centro).Antigo Hotel América.



• Se o final de semana era de chuva forte, faltava energia elétrica.O filme parava na metade e voltávamos todos para casa.



• Em casos assim, recebíamos o ingresso novamente, para voltarmos numa próxima sessão.



• Não havia a televisão e as matinês eram esperadas com ansiedade, pela garotada.








“LUZ, CÂMERA, AÇÃO!”

(José Francisco de Souza)

     Houve uma época que já vai longe, em que passar algumas horas numa sala de cinema, era o momento mais importante na vida de muita gente.


Eram momentos mágicos, de sonhos e entretenimento.
Em poucas palavras, esta é a história de um antigo cinema, que durante muitas décadas foi a principal diversão de uma cidade toda.
Lá pelos idos de 1900...no pequeno povoado de Três Barras, chegaram os americanos, vindos da Califórnia e instalando ali a maior serraria da América do Sul:
a Companhia Lumber.
Com a grande serraria, chegaram centenas de famílias, vindas de todas as partes em busca de trabalho.Logo, como entretenimento para seus funcionários, a Lumber construiu um cinema.
No início os filmes eram mudos, é verdade.Mas, já em 1927, o filme “O cantor de jazz” estreava como primeiro filme sonoro, dando mais vida ao mundo da sétima arte.
Meus pais, tios e demais parentes, foram assíduos freqüentadores do cinema da Lumber, nas décadas de 40 e 50, época de ouro de Hollywood.
Mocinhos e bandidos, piratas e princesas, castelos encantados, castelos assombrados...
Viajando pelo velho Oeste em meio às caravanas, pelo Saara em velozes tapetes mágicos ou pela selva africana, ouvindo o grito do Tarzan, a platéia vibrava sem se importar, que tudo aquilo na tela, era apenas uma fantasia.
Era uma linda tarde de domingo de 1965, quando entrei pela primeira vez no Cine Militar (ex-Lumber), para assistir a uma comédia do Charles Chaplin.
Naqueles românticos anos 60, a televisão ainda não havia chegado aos nossos lares e o cinema prosseguia com suas sessões sempre lotadas.
Era a época dos grandes épicos, dos westerns, das aventuras e dos românticos:
“La violetera” e “Dio como ti amo”.
Hitchcock assustou muita gente com seu bando de pássaros selvagens, quando aqui foi exibido: “Os pássaros”.
Perigo, aventura e suspense na tela.Mas, na platéia, o inesperado também acontecia.


(Numa época em que nas cidades do interior não existia a televisão, o gibi e o cinema eram o sonho de toda a garotada).



A luz acabou ou a fita arrebentou?
Perguntava a platéia enfurecida, quando em meio a uma cena de ação, o filme parava de repente.Não foram uma, nem duas vezes em que recebemos os ingressos novamente, para voltarmos em outra sessão, no próximo domingo.
Quando o final de semana era de chuva forte, geralmente faltava energia elétrica e lá se ia a nossa diversão.
E se a cópia do filme fosse muito velha e desgastada, não havia “durex” que colasse.
Hoje, quando entro numa vídeo locadora, posso alugar quantos filmes desejar.
Naqueles tempos, os filmes demoravam a chegar e vinham em latões pesados, trazidos pelo trem. Muitas coisas mudaram até para melhor...
Porém, a magia das matinês já não existe mais.
Alguém acreditaria, que aquela era uma época dourada, em que as telas dos cinemas faziam brilhar astros e estrelas, que durante décadas a fio fizeram a alegria de várias gerações? Sim, essa época realmente existiu.
Mas o tempo foi passando...


(O primeiro beijo de muitos namorados aconteceu no escurinho do cinema).


A televisão chegou de mansinho e se expandiu pelos lares.
Nosso antigo cinema prosseguiu até 1980, tendo como últimas apresentações alguns filmes nacionais.
Nessa mesma década, de Norte a Sul do Brasil, muitos cinemas começaram a fechar, sentindo que as salas já não eram mais um filão comercial.
E com a chegada do vídeo cassete e da liberação dos filmes novos para a TV, a queda de público nos cinemas aumentou ainda mais.
O cinema, já desativado, passou a dar espaço para bailes e discoteques, para uma geração alheia à história daquele espaço.
Sendo uma construção antiga, hoje só nos restam as ruínas como lembranças.
Na última vez em que lá estive, ao tocar as mãos naquelas paredes, pensei comigo mesmo:
se elas falassem, quantas histórias não teriam para nos contar?


100 FILMES QUE ASSISTIMOS...NO CINEMA DA LUMBER:

FILMES ÉPICOS E AVENTURAS:





















                            
                      

                        
                               





                                         







           
                                       


DRAMAS, COMÉDIAS, ROMÂNTICOS E INFANTIS:















                            

 
                             

                                   


        
                     



        













PRODUÇÕES DE WALT DISNEY



                                           

                 

                             






                  




          







FILMES  DE  WESTERN:










               








                        

                                                                  




FILMES DA SÉRIE "ANGÉLICA":







TERROR:









FILMES DA SÉRIE "SISSI":




                       



CINEMA  NACIONAL:






👉 Colaboraram relembrando os filmes que assistiram no Cinema da Lumber ou Cine
Militar:
* Abigail Pacheco Bishop.
* Antônio Merhy Seleme.
* Charlotte de Souza.
* Cyríaco Felício de Souza Neto.
* Irecê Alves Rocha.
* José Francisco de Souza.
* Leocádio e Anita Ribeiro.
* Luiz Fernando e Célia Olsen.
* Nivaldo Braz.
* Sebastião Garcia.




Charlotte relembra "Sempre no meu coração".

    A senhora Charlotte de Souza, antiga moradora de Três Barras, hoje aos 81 anos de idade, nos conta que foi muitas vezes ao cinema da Lumber e que um filme, do qual ela gostou muito e jamais esqueceu, foi: "Sempre no meu coração". Ela tinha 14 anos na época e relembra que tanto o filme, quanto a música, fizeram enorme sucesso.Conferindo nas revistas de cinema dos anos 40, visto que o filme é de 1942, de fato, em todo o Brasil, o filme foi um grande sucesso de bilheteria.E o sucesso também se fez presente no cinema da Lumber.Nos anos 70 o cantor Antônio Marcos gravou a música tema, numa gravação muito bonita.Hoje o filme está em DVD.Vale a pena conferir.A música era tocada em gaitinha de boca; coisa rara nos dias de hoje.Também era o filme preferido do apresentador Sílvio Santos.


Filme: "Sempre no meu coração" (1942).



Meu "Cinema Paradiso".

   Os cinemas do interior do Brasil tiveram uma história muito parecida com a do filme "Cinema Paradiso".Produção italiana, de Franco Cristaldi, "Cinema Paradiso" foi o vencedor de vários prêmios e emocionou platéias no mundo todo.
     É a história do projecionista e das pessoas que tinham no cinema, a sua principal diversão.Em Três Barras, a existência do cinema, foi mais ou menos parecida.
     Era um dos principais pontos de lazer dos finais de semana.Numa época em que não havia a televisão, nem tão pouco o dvd, o cinema era uma grande atração.Muita gente iniciou seu namoro e deu o primeiro beijo, na sala do cinema.Os encontros mais românticos aconteciam nas matinês.Para quem deseja matar as saudades daquele tempo, nada melhor do que assistir "Cinema Paradiso".

Filme: Cinema Paradiso (1989).


"Cinema Paradiso", é um hino de amor ao cinema".


Procuramos sempre colaborar, informando aquilo que vivemos e presenciamos, sem desprezar informações de outros tresbarrenses.Porém, é uma pena que muita gente de fora tem fornecido infomações vagas e erradas a respeito do cinema.Há pouco, agora em novembro/2012 li uma matéria num jornal de circulação estadual, cheia de informações erradas.Com certeza, fornecidas por gente que não é tresbarrense.

Se você gostou deste Blog, escreva para mim:
 José Francisco de Souza, é pedagogo e professor de teatro.(zezinho0484@gmail.com)













3 comentários:

Anônimo disse...

Meu avô, o imigrante sueco e fotógrafo Claro Jansson, foi um dos primeiros a explorar o cinema de Tres Barras, por volta de 1915, em sociedade com os Portes de São Mateus do Sul. Se houver interesse, tenho algumas fotos da época em que aparece o Cine-Teatro.
Aliás, minha mãe nasceu em Tres Barras em 1926.
Ass. : PAULO MORETTI JR. (paulomoretti@uol.com.br).

Clauto Padilha disse...

Parabéns pela matéria e ilustrações. Uma excelente viagem pelos melhores tempos do Cinema..

disse...

Obrigado Clauto.O pouco que a gente viu e conviveu, tem que ser registrado, para contar às outras pessoas.